Simbolismo do Apocalipse e da Besta, segundo Ramatís
- Monica Daguiar
- 22 de fev. de 2022
- 4 min de leitura
(conteúdo resumido retirado do livro "Mensagens do Astral, obra psicografada por Hercílio Maes, 7ª edição, 1983)

PERGUNTA - O último livro da Bíblia, denominado "Apocalipse", contém profecias relativas aos nossos dias e que devam merecer absoluta confiança?
RAMATÍS - Esse livro é realmente um apocalipse, palavra derivada do grego, que significa "revelação". É um relato profético, feito há quase dois mil anos, de acontecimentos que deverão concretizar-se fielmente em vossos dias, embora dada a distância com que forma preditos.
Apesar de encoberto por símbolos e alegorias, que parecem tornar extravagante a mensagem interior, os espíritos argutos saberão compreendê-lo em suas mais importantes revelações, que se referem especificamente, aos acontecimentos dos "fins dos tempos". E à medida que forem transcorrendo os anos do vosso calendário, mais facilmente se evidenciarão a lógica e a sensatez das predições do evangelista João.
PERGUNTA - A finalidade do Apocalipse é apenas a de chamar a atenção para a seleção de espíritos a realizar-se no juízo final?
RAMATÍS - O Apocalipse tem em mira, acima de tudo, descrever a tremenda fermentação de ordem psíquica e física, que há de preceder aos estabelecimento da civilização cristã que deverá imperar no terceiro milênio; mas é revelação de ordem geral, endereçada ao campo objetivo da Arte, da Ciência, da Filosofia, da Religião e da Moral humana. O estudioso que se mantiver acima das formas materiais da alegoria, poderá distinguir nela uma alusão às várias esferas do trabalho humano, que sofrerão modificações relativas aos seus misteres.
PERGUNTA - O Apocalipse adianta que os acontecimentos trágicos, do "fim dos tempos", hão de ter lugar exatamente na segunda metade deste século?
RAMATÍS - A compreensão normal de qualquer profecia só é conseguida quase às vésperas de sua integral realização, pois a interpretação exata da sua simbologia exige a descoberta de certas leis, costumes e sinais que os profetas dão por antecipação, em seus enunciados. Só depois que a ciência descobriu a bomba atômica foi que se tornou possível e sensato crer nas antigas profecias que afirmavam que "choveria fogo do céu, no fim dos tempos"!
Os acontecimentos trágicos que as profecias, em geral, têm previsto para este século - em virtude de serem acontecimentos derradeiros, do "juízo final" - também se ocultam, no Apocalipse, sob uma névoa cabalística mais densa e uma alegoria mais complexa, que exigem outros sucessos científicos e técnicos, para que se tornem completamente entendíveis à luz hodierna.
PERGUNTA - Qual o simbolismo que encerra a figura da "Besta", descrita no livro Apocalipse?
RAMATÍS - A figura da Besta, descrita por João Evangelista, é um simbolismo do desregramento a que há de atingir o vosso mundo, conjugando-se a todas as paixões inferiores e formando uma só consciência coletiva, composta das criaturas invigilantes. Simboliza um comando pervertido, ou seja, a dominação por parte de um grupo que submeterá aos seus caprichos determinada quantidade de seres.
A Besta apocalíptica representa, pois, a alma global e instintiva de todas as manifestações desregradas: ela age sorrateiramente sobre as criaturas negligentes e sempre lhes ajusta as emoções contraproducentes, a fim de as incentivar para a insanidade, a corrupção e a imoralidade geral.
O reinado da Besta, como o de Satanás, implica na existência de súditos, que são os gozadores das bacanais lúbricas dos sentidos humanos e das paixões aviltantes, herdadas do animal.
PERGUNTA - Não existe perfeita semelhança entre o conjunto dos espíritos satanizados e esse reinado da Besta? Parece-nos que ambos abrangem um mesmo desregramento, não é verdade?
RAMATÍS - A distinção, no Apocalipse, é claríssima. O reinado de Satanás, embora compreenda o desregramento humano, corresponde mais diretamente à rebeldia do espírito às diretrizes superiores; é um estado de resistência fria, com um profundo sentimento de impiedade, de gelidez, e um feroz egocentrismo para o fim de sobrevivência pessoal.
O reinado da Besta, alicerçado também sobre o desregramento coletivo da massa irresponsável, evidencia-se mais claramente pelo gozo dos sentidos; é uma sujeição espontânea à volúpia e à devassidão.
No reinado satânico há mais personalismo, aliado a certa vigilância pessoal dos próprios indivíduos, que não se deixam apanhar em suas artimanhas e usam de toda astúcia para obter o melhor; o da Besta representa mais o desregramento geral, a perda de vontade própria, o abandono à lubricidade e a adesão espontânea dos indivíduos a um único estado de corrupção.
O satanismo é individualmente excitante, ao passo que a devoção à Besta é degradação do indivíduo, como acontece com o viciado em ópio, que se funde com o próprio vício.
PERGUNTA - Quais são as características que revelam definitivamente a presença da Besta em nosso mundo?
RAMATÍS - É o momento em que os costumes, as convenções e as tradições comuns, que demarcam o pudor e a honestidade, se inverterão, sendo levados à conta de concepções obsoletas e de preconceitos tolos, diante da pseudo-emancipação do século. Sob rótulos pitorescos e terminologias brilhantes, as maiores discrepâncias de ordem moral são aceitas como libertação filosófica ou nova compreensão da vida!
Para os realistas do século atômico, emancipação significa libertação do instinto inferior, com o cortejo de sensações animais, que se disfarçam sob o fascínio do traje e dos cenários da civilização moderna. Multiplicam-se então os antros do prazer fescenino e do jogo aviltante; proliferam as indústrias alcoólicas; desbraga-se a carne moça recém-saída da escola primária; proliferam os costureiros especialistas em ressaltar os contornos anatômicos femininos; enriquecem-se os fotógrafos dos ângulos lascivos da mulher; rompem-se os laços íntimos da família no conflito dos bens herdados; os desgraçados sofrem fome na vizinhança dos banquetes aristocráticos do caviar e do faisão importado (...)
PERGUNTA - Há quem proteste contras as vossas afirmações, alegando que essas coisas sempre existiram na Terra e que, em certas ocasiões, a degradação moral chegou ao extremo, sem que se considerasse essa degradação como cumprimento de profecias relativas ao fim do mundo. Por que só a degradação moral atual é que deve revestir-se de aspecto profético, como preliminar do "juízo final"?
RAMATÍS - Foram acontecimentos locais, mas atualmente convergem para um acontecimento geral, atingindo, portanto, toda a humanidade. É verdade que só a degeneração de Roma, no passado, ultrapassou a qualquer desregramento imaginado, mas a Besta Apocalíptica, que representa um desregramento geral, continua a endereçar o seu convite voluptuoso à vossa humanidade e prevê êxito a corrupção total dos costumes tradicionais.
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